Windows Vista - A promessa que não vingou

Nas últimas semanas, falou-se bastante no Windows Vista – muito por culpa da Apple e do novo Liquid Glass, que a mesma...

2 de Jul de 2025
Windows Vista - A promessa que não vingou

Nas últimas semanas, falou-se bastante no Windows Vista – muito por culpa da Apple e do novo Liquid Glass, que a mesma apresentou para os seus sistemas operativos. Ora, mas como é que o Vista surge no meio de tudo isso? 

Muito em parte, deve-se ao design com base em efeitos translúcidos e transparentes, que o Windows Vista apresentou no momento da sua chegada ao mercado. De facto, para a época, e vindo do Windows XP, o Vista parecia ser algo inteiramente transformador e de outro mundo. Futurista, elegante e distinto.

Contudo, cedo se provou demasiado exigente a vários níveis. O Windows Vista, cujo desenvolvimento começou em 2001 sob o codename “Longhorn”, foi idealizado originalmente como uma simples atualização ao Windows XP, mas evoluiu para um projecto ambicioso com inovações como uma interface gráfica avançada (Aero), pesquisa melhorada e uma resposta (demasiado) reforçada à segurança.

Embora estivesse planeado para ser lançado em 2003, atrasos e um reset do projeto em 2004 empurraram o lançamento para 8 de novembro de 2006 (RTM) e disponibilização pública em 30 de janeiro de 2007. Ou seja, no mesmo ano em que a Apple apresentava o primeiro iPhone, a rival Microsoft chegava ao mercado com um novo Windows, totalmente renovado! 

O Vista introduziu uma estética visual moderna com o Aero Glass, transparências e animações, além de funcionalidades como o Windows DVD Maker e o .NET Framework 3.0 integrados. Como referido anteriormente, a segurança foi reforçada com o controlo de contas de utilizador (UAC), firewall e melhorias na gestão de memória. 

Contudo, o sistema revelou rapidamente limitações críticas. Os elevados requisitos de hardware tornaram-no exigente em RAM e GPU, e até muitos PCs rotulados como “Vista Capable” eram incapazes de executar o Vista com Aero a um desempenho aceitável. Aliás, havia PCs para o qual o utilizador poderia escolher no momento da compra qual a versão do Windows que gostaria ver nele instalado – se a anterior ou a mais recente –, sob pena do Vista ser fatal para o mesmo. Isto resultou em atrasos nas adoções e frustração entre utilizadores e empresas.

Ao mesmo tempo, a compatibilidade era fraca. Isto é, faltavam Drivers e muitos softwares do XP, que ainda não funcionavam corretamente com o Vista. Até os periféricos apresentavam problemas. Assim sendo, muitas empresas e consumidores preferiram manter o XP, cujo desempenho e estabilidade se mantinham confiáveis.

Em termos de vendas, o Vista teve um arranque fulgurante, cerca de 20 milhões de cópias vendidas no primeiro mês, o dobro das vendas iniciais do XP, porque parecia mesmo o futuro, risonho, e promissor do sistema operativo presente no computador. Porém, não conseguiu manter esse ritmo. 

Seis meses depois, a sua quota de mercado estava nos 4,5 %, contra os 82 % do Windows XP. Em meados de 2008, a adoção empresarial permanecia baixa, com menos de 10 % dos PCs corporativos a utilizarem o Vista. No final de 2009, já tinha cerca de 330 milhões de utilizadores, mas era claramente inferior às expectativas e ao legado do XP. 

Para mitigar a situação, foram lançados dois service packs (2008 e 2009) com melhorias de performance, estabilidade e compatibilidade. A campanha Mojave Experiment (2008) tentou mudar a perceção negativa, que frisava o facto deste ser melhor, mas não o suficiente. 

Deste modo, pode dizer-se que o legado do Vista foi complexo. Apesar de visualmente atrativo e inovador, falhou ao ser lançado antes do hardware e ecossistema estarem prontos, queixando-se de drivers, performance e usabilidade. Estas lições foram fundamentais para o sucesso do Windows 7 (2009), que manteve o design Aero mas melhorou significativamente estabilidade, compatibilidade e experiência de utilização. 

No fundo, o Vista foi uma promessa falhada, como muitas outras que a Microsoft apresentou ao longo dos anos, cuja ambição no software é demasiado elevada comparativamente ao que as fabricantes conseguem oferecer ao nível dos seus dispositivos. Não passou de uma promessa, mas serviu para preparar terreno para um dos Windows mais bem classificados de sempre, o Windows 7.